sábado, 7 de agosto de 2010

Seleção Poética

Ler pra mim é uma distração e também um prazer. Minha literatura reflete muito no que escrevo.
É incrível como um livro, poema ou texto pode trazer palavras que nos confortam, ou até mesmo nos aconselham, transpõem em nós os mais variados sentimentos. Por esse motivo frequentemente farei postagens sobre escritores que admiro.


Fernando António Nogueira Pessoa, nascido em Lisboa em 13 de junho de 1888, foi um poeta e escritor português.Viveu em Durban, na África do Sul, entre 1895 e 1905.
Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa na século XX e da Literatrura Univerval.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, activista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos (Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro) , objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra.
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. 


Deixo aqui alguns trechos de um texto que gosto muito chamado Tabacaria. Este texto foi escrito por Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa.

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. 
[...]

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. 
[...]

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
[...]

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. 
[...]

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.
[...] 
(15-1-1928 ) - Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

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